Nem o Bolsa Família escapou dos cortes

Sobrou até para o Bolsa Família
Principal programa social de Dilma sofrerá um corte de R$ 800 milhões, contrariando projeção de aumento feita pelo governo. Dados estão no levantamento da comissão de orçamento obtido por ISTOÉ
Josie Jeronimo (josie@istoe.com.br)bolsa-familia-ja-era

O governo garantiu que não, mas a tesoura do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vai cortar pelo menos R$ 800 milhões do Bolsa Família, carro-chefe da política social do PT. Na versão oficial, o valor destinado ao programa em 2015 terá um aumento de R$ 1,2 bilhão em relação ao desembolsado ano passado. No entanto, uma análise mais cuidadosa feita por integrantes da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso detectou traços de maquiagem nessa conta de aparente saldo positivo. O que o governo não informou, ao anunciar o Orçamento 2015, é que, este ano, o Bolsa Família terá de absorver um custo extra decorrente de um reajuste de 10% concedido na véspera da campanha eleitoral do ano passado pela presidente Dilma Rousseff. Com o aumento, haverá um acréscimo de R$ 2 bilhões nas despesas com o programa. Ou seja, se o Orçamento prevê um repasse de R$ 1,2 bilhão a mais em relação ao ano passado, a conta ficará defasada em R$ 800 milhões e, em vez de aumentar, o governo reduzirá o montante destinado ao programa.

A canetada com ganhos eleitorais para Dilma em 2014 provocou um aumento médio de R$ 150 para R$ 167 nos benefícios. Em valores absolutos, o Bolsa Família dispõe de R$ 27,7 bilhões para 2015. Para um dos titulares da Comissão Parlamentar do Orçamento, o deputado Júlio Cesar (PSD-PI), integrante da base aliada do Planalto, o governo deveria ter divulgado a informação correta ao anunciar o planejamento orçamentário para este ano. “Acho que eles estão enganando a gente. Vai faltar dinheiro para pagar a conta do Bolsa Família. Para manter o padrão do programa, o governo vai ter de ser mais exigente na concessão do benefício”, afirma o parlamentar. Como saída para honrar os compromissos com os quase 14 milhões de pessoas que participam do programa, mesmo com o corte de R$ 800 milhões, Cesar sugere aumentar o rigor no combate às fraudes.

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) nega haver defasagem entre o dinheiro disponível e as despesas do Bolsa Família. Também não reconhece a intenção de enxugar a folha de pagamento inibindo novas adesões, ou mesmo, apertando a fiscalização para eliminar os que têm renda familiar mensal acima de R$ 154 por pessoa. Mas, em 2014, foi assim que a pasta procedeu para diminuir os gastos. Segundo o ministério, mais de 1,2 milhão de famílias deixou de receber a complementação de renda. O número é expressivo, pois representa 8,6% do universo de 13,9 milhões de beneficiários. O corte foi feito após revisão cadastral das famílias e cruzamento de dados do Cadastro Único com outras listas que indicam rendas extras ou situação funcional dos beneficiários. Segundo o Ministério, porém, não se pode dizer que essa redução será novamente aplicada este ano.

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A falta de transparência do governo na elaboração das metas orçamentárias preocupa outro membro da Comissão Mista de Orçamento. O deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) encaminhou um requerimento de informações ao ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre as saídas do caixa do Tesouro para pagar as despesas do Bolsa Família de 2015. O tucano ainda não obteve resposta. A suspeita do parlamentar é que as “pedaladas fiscais” flagradas em 2014 estejam se repetindo este ano. A manobra consiste em usar bancos públicos para pagar despesas que deveriam sair do Tesouro. Ao reter recursos de despesas obrigatórios por mais tempo em caixa, o governo eleva artificialmente seu resultado de superávit, demonstrando uma saúde financeira superestimada.

A inflação crescente também representa perdas aos beneficiários do Bolsa Família. À medida que os preços sobem, a verba concedida pelo governo federal perde força para custear itens básicos como alimentos e energia elétrica. Na opinião de Nora Raquel Zygielszyper, professora de economia da Fundação Getúlio Vargas , o arrocho fiscal e o cenário de aumento de preços podem estrangular o programa. “Corre-se o perder a eficácia se não acompanhar o ritmo da inflação”, afirma a economista. Se essa situação se agravar, certamente os representantes do governo ainda terão muito a explicar.

Levy, Joaquim- Min.Fazenda
REALISMO
Dias depois do anúncio do Orçamento 2015 pelo ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy (foto), disse que a previsão orçamentária era irreal

Fontes: Josie Jeronimo/IstoÉ, Mário Bittencourt/Folhapress; Valter Campanato/Agência Brasil

Lula pede: “Respeite o Sarney e pare de preconceito, vá se tratar”- defendendo o Senador

Em vídeo que circula no Youtube, Lula defende José Sarney e sua filha, Roseana Sarney, dos questionamentos de um repórter. O petista argumenta que Sarney deve ser respeitado e acusa o jornalista de ser preconceituoso, inclusive afirmando que o mesmo “sofre de uma doença” e deveria “se tratar” com “psicanálise”.

Veja o vídeo abaixo:

Fontes: Canal Ficha Social – YouTube / Lígia Ferreira – Folha Política

Desemprego vai a 8,3% em Agosto/2015 e Dilma fala em um 2016 difícil.

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Lula Marques / Agência PT

“Não tenho como garantir que a situação em 2016 vai ser maravilhosa”, afirma Dilma.

A presidenta Dilma Rousseff disse nesta terça-feira 25 que o Brasil atravessa uma situação econômica que “requer cuidados” e reconheceu que, apesar das ações do governo, a crise não será resolvida no curto prazo. Segundo Dilma, 2016 ainda será um ano de dificuldades.

“Eu espero uma situação melhor. Mas não tenho como garantir que a situação em 2016 vai ser maravilhosa, não vai ser, muito provavelmente não será. Agora também não será a dificuldade imensa que muitos pintam”, disse. “Vamos continuar tendo dificuldades, até porque não sabemos a repercussão de tudo o que está acontecendo na economia internacional”, afirmou ela em entrevista a rádios do interior de São Paulo, antes de embarcar para Catanduva, onde entrega unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida.

Dilma citou a queda generalizada registrada na segunda-feira 24 nas bolsas de valores do mundo inteiro, mas disse que a economia brasileira está se protegendo com medidas como o pacote de exportações e o programa de atração de investimentos em logística.

“As nossas medidas já começaram [a ser implementadas], não tem como estarmos pior no futuro, porque tomamos um conjunto de medidas”, avaliou. A presidenta voltou a criticar o que chamou de pessimismo em relação ao futuro da economia brasileira e disse que a insatisfação com o governo é “compreensível”, mas que a situação não pode ser resolvida imediatamente.

“As pessoas querem que as coisas sejam imediatamente resolvidas. É compreensível, mas nem sempre [é assim] – e isso não ocorre também na vida da gente: você tem uma dificuldade, tem que enfrentar e só o tempo te ajuda a fazer passar”, disse Dilma.

Desemprego

A situação difícil da qual fala Dilma foi expressa na nova rodada de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a respeito do desemprego. No segundo trimestre de 2015, a taxa de desemprego foi de 8,3%, a maior da série histórica segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Trimestral (Pnad Contínua Trimestral), iniciada em 2012.

Segundo o IBGE, a população desocupada, equivalente a 8,4 milhões de pessoas, subiu 5,3% em comparação ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o segundo trimestre de 2014, subiu 23,5%.

A taxa cresceu tanto na comparação com o primeiro trimestre de 2015 (7,9%), quanto com o segundo trimestre de 2014 (6,8%).

No segundo trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, a taxa de desocupação cresceu em todas as regiões: Norte (de 7,2% para 8,5%), Nordeste (de 8,8% para 10,3%), Sudeste (de 6,9% para 8,3%), Sul (de 4,1% para 5,5%) e Centro-Oeste (de 5,6% para 7,4%). Entre as unidades da federação, Bahia teve a maior taxa (12,7%) e Santa Catarina, a menor (3,9%).

*Com informações da Agência Brasil