A Fundação Bill & Melinda Gates e a empresa Westwood Global Investments estão processando a Petrobras em busca de compensação pelas perdas que sofreram com a desvalorização das ações da estatal brasileira. A informação é da Reuters.
Corrupção: o esquema de propina afetou mais de US$ 80 bilhões dos contratos entre a Petrobras e a Fundação Bill Gates, cerca de um terço dos ativos totais
A queixa foi registrada na noite de ontem, em Nova York. As instituições alegam que o “esquema generalizado de subornos e lavagem de dinheiro” da Petrobras resultou numa desvalorização suas ações que, por sua vez, as fez perder dezenas de milhões de dólares.
Ainda de acordo com a Reuters, a Petrobras está enfrentando uma série de processos judiciais de ação coletiva nos Estados Unidos. As empresas consideram que o esquema de corrupção foi uma forma da estatal de “inflar” o valor de suas ações.
A Fundação Bill & Melinda Gates e a Westwood, no entanto, não estão participando de ação judicial coletiva e fizeram um processo separado, presumivelmente porque imaginam conseguir receber uma compensação maior dessa forma.
Criada no ano 2000, a Fundação de Bill Gates e de sua esposa Melinda é uma instituição filantrópica que investe na saúde, educação e redução da pobreza em escala mundial.
“A profundidade e a amplitude da fraude na Petrobras é espantosa”, afirma a ação entregue na Corte de Manhattan.
O texto do processo afirma que, como admitiu a própria Petrobras, “o esquema de propina afetou mais de US$ 80 bilhões de seus contratos, cerca de um terço de seus ativos totais”.
A Fundação Bill & Melinda Gates foi criada pelo fundador e ex-presidente da Microsoft, Bill Gates, e sua esposa, Melinda Gates, em 2000 e não tem fins lucrativos. Com sede na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, tem US$ 44 bilhões em ativos. O fundo WGI Emerging Markets Fund, com sede em Boston, também entrou na mesma ação.
Como réus no processo, além da Petrobras, é citada a PricewaterhouseCoopers, empresa que auditou os balanços da petroleira.
“Este caso surge de um esquema de suborno e lavagem de dinheiro realizado pela Petrobras e deliberadamente ignorado pela PwC”, afirma o processo, de 103 páginas.
“Este é um caso de corrupção institucional, formação de quadrilha e uma fraude maciça aos investidores”, destaca a ação, aberta nesta quinta-feira, 24, mas divulgada pela Corte nesta sexta-feira.
“A Petrobras não apenas escondeu a fraude do público investidor, a empresa repetidamente burlou seus controles internos, suas informações financeiras e a governança corporativa em suas declarações públicas”, ressalta o texto, mencionando que a verdade sobre a companhia “começou a vir a tona” em setembro do ano passado, quando ex-executivos da empresa, como Paulo Roberto Costa, começaram a delatar o esquema de corrupção.
Por meio de divulgação de informações “falsas e enganosas” e “omissões”, a Petrobras conseguiu captar quantidade expressiva de recursos nos últimos anos, incluindo US$ 70 bilhões em uma oferta de ações em 2010, de acordo com o processo.
O documento afirma ainda que, nos últimos anos, os gestores de recursos da Fundação Bill e Melinda Gates e do WGI Emerging Markets participaram de diversas reuniões com executivos da Petrobras, foram a apresentações para investidores no Brasil e nos EUA e acompanharam a empresa “de perto”.
Os gestores fizeram “repetidos questionamentos” sobre o ambicioso projeto de investimento da Petrobras, mas sempre foram convencidos pelo argumento de que a infraestrutura deficiente do Brasil demandava investimentos do tipo.
O processo da Fundação de Bill Gates é a 16ª ação individual aberta contra a Petrobras nos EUA este ano, com investidores reclamando prejuízos por conta das investigações da Operação Lava Jato.
Além dessas, foram abertas mais cinco ações coletivas, que foram unificadas em um único processo pelo juiz federal da Corte de Nova York, Jed Rakoff. Fundos dos Estados Unidos, Irlanda, França, Holanda, Hong Kong, Reino Unido, entre outros países, fazem parte das diversas ações.
Perdas na Petrobras
O valor de mercado da Petrobras caiu mais de 90%, dos quase US$ 300 bilhões, há sete anos. Em abril, a petroleira anunciou perdas de R$ 6,2 bilhões por corrupção e reduziu em mais de 44 bilhões de reais o valor de seus ativos.
A fundação com sede em Seattle é uma das maiores organizações de caridade do mundo, com doações de US$ 41,3 bilhões.
Se a moda pegar, vai ter gente rezando para que a empresa seja privatizada antes de ir a falência por completo.
Fontes: Reuters;